Animais marinhos que brilham no escuro podem existir há 540 milhões de anos

A bioluminescência, habilidade de um ser vivo produzir sua própria luz e brilhar no escuro, não é algo raro de se encontrar na natureza. No entanto, é difícil de identificar onde e em quem foi o primeiro ser vivo com essa característica, uma vez que o comportamento raramente deixa vestígios fósseis.

Agora, um novo estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B traçou a árvore genealógica de octocorais. Com as informações, a pesquisa sugere que a bioluminescência evoluiu no mar há cerca de 540 milhões de anos, que é o dobro mais antigo do que a estimativa anterior.

“Acho que nosso estudo realmente aponta para o fato de que é uma das formas mais antigas de comunicação nos oceanos—talvez uma das formas mais antigas de comunicação na Terra, realmente”, comentou Andrea Quattrini, autora do estudo, à revista Scientific American.

Sobre a pesquisa

Os octocorais formam um grupo que inclui “corais moles”, cujos fósseis são pequenos e raros.  Quattrini passou cerca de uma década testando octocorais que ainda estão vivos. 

Ela buscava compreender se eles poderiam criar luz e, para isso, ela cutucava as criaturas com um par de pinças de laboratório enquanto elas estavam sob um cobertor ou em um quarto escuro.

Então, ela e sua equipe de pesquisadores mapearam os resultados do experimento, criando uma árvore evolutiva. Dessa forma, puderam compreender como diferentes octocorais modernos estão relacionados entre si e, assim, procuraram padrões entre aqueles que podem e não podem criar luz.

Por fim, os pesquisadores concluíram que a bioluminescência provavelmente evoluiu apenas uma vez nesses animais. Assim, eles selecionaram os raros fósseis considerados de confiança para ancorar a linha do tempo.

Como resultado, os cientistas identificaram que a primeira evolução conhecida da bioluminescência em um ambiente marinho ocorreu há cerca de 540 milhões de anos. A data coincide com um período que os paleontologistas apelidaram de explosão cambriana.

Nesse momento da história da vida na Terra, houve um surto de diversificação biológica. Além disso, os animais se mudaram pela primeira vez dos oceanos rasos para as profundezas onde a luz solar não penetra — o que faz sentido para o surgimento da bioluminescência.

O poder da bioluminescência

Para os animais que vivem em partes dos oceanos mais profundas do que a luz solar pode alcançar, a bioluminescência pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Ela pode ser tanto uma ferramenta para atrair as presas, quanto para afastar os predadores. 

Contudo, pouco se sabe sobre o fenômeno. Por isso, alguns especialistas acreditam que pode haver muitos mais organismos nas profundezas do mar que estão usando a luz própria de maneiras que os humanos nem começaram a entender ainda.

Agora, Quattrini e seus colegas pretendem pesquisar o gene que codifica a proteína responsável pela bioluminescência em octocorais. Com isso, eles esperam compreender como alguns dos animais perderam a capacidade de brilhar no escuro.

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Publicado por Thiago Dutra Diniz

31 Anos, Cursei Biomedicina em Salvador. Católico Apostólico Romano. Amante de viagens, gosto de conhecer novos lugares, gosto de cozinhar e tomar cerveja aos fins de semana.

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